domingo, 7 de novembro de 2010

"Arquitetura Sustentável": Que Bicho é Esse ?

O conceito de arquitetura ecológica e sustentável ainda é, fora dos grandes centros urbanos brasileiros, algo bastante desconhecido e que sofre com o preconceito dos possíveis compradores de imóveis e com o assédio moral por parte de empreiteiros já estabelecidos.

O que fica claro ao se observar um trabalho como o de Casa Branca, considerando-se o contexto socio-geográfico da região conhecida como "Circuito das Águas", no interior paulista - no qual esta obra está inserida, é que os pequenos empreiteiros, que já atuam muitos anos no mercado da construção de pequenas e médias residências, comportam-se como "coronéis", detendo o monopólio das empreitadas e marginalizando outros profissionais que utilizem novas técnicas, menos convencionais.

Como parte desse “coronelismo” na construção civil, a pequena residência de Casa Branca – que tinha, inicialmente, a intenção de ser a primeira de uma série de casas ecológicas – sofreu alguns atentados como forma de intimidação. Provavelmente, as pessoas que fizeram esses ataques queriam testar a resistência do tijolo ecológico e, até mesmo, da própria edificação e, ao mesmo tempo, queriam provar sua teoria de que uma casa construída com essa técnica não ficaria de pé.

Estavam bastante errados e puderam comprovar isso com seus próprios ataques: a cada cinta de amarração que era concretada (há uma a um metro de altura, uma segunda a 2,50m e uma terceira a 2,70m, onde se apóia a laje), a casinha ganhava firmeza e resistência a todo tipo de ataque.

A conclusão a que se chega é óbvia: ecologia e sustentabilidade ainda são coisas muito estranhas para quem já lucra, há muitos anos, em uma zona de conforto de qualquer negócio tradicional. A falta de informação sobre o que é um empreendimento com visão global, sustentável e ecológica e, também, sobre o tipo de lucro que se deve esperar deles é algo muito marcante pelo interior do estado e que atrasa o desenvolvimento, notadamente na construção civil.

sábado, 6 de novembro de 2010

Na Ponta do Lápis

A construção com tijolos ecológicos só se torna algo realmente rentável quando o construtor é, também, o proprietário da maquina de fazer tijolos. Essa máquina permite a produção de aproximadamente 800 tijolos por dia e pode custar algo em torno de R$15.000,00.

Um construtor, que também seja proprietário da prensa, estará pagando seu investimento inicial ao atingir a marca de 40.000 tijolos, aproximadamente, o que seria feito em cerca de dois meses e meio de trabalho.

A pequena residência que está sendo erguida na cidade de Casa Branca, há 230 km da capital paulista - idealizada pelo arquiteto paulistano Fernando Luis Costa - tem três dormitórios (sendo uma suíte), sala, cozinha, banheiro social e área de serviço, em 74m2 de área construída, em um terreno de esquina com 328m2. A residência terá, ainda, espaço de garagem para três veículos e uma área livre ajardinada, onde se pode construir, futuramente, piscina e dependências de lazer. (Clique aqui para ver o projeto em 3D)

Considerando-se o seu tamanho e a cidade onde está sendo construída (onde o preço do metro quadrado para construções de médio padrão gira em torno de R$1.000,00), uma obra como essa orçaria em torno de R$75.000,00, incluindo a aquisição do terreno e a execução da moradia. No entanto, com a aquisição da prensa para fabricação dos tijolos ecológicos, seu custo ficará 30% mais barato.

Acompanhe pela tabela abaixo um resumo das despesas na obra:


Pelo padrão do loteamento onde se encontra esse imóvel o valor de venda poderá ser entre 90 e 100 mil reais, permitindo um ganho real equivalente ao custo da obra.

Para se erguer os 74m2 da edificação serão utilizados cerca de 20.000 tijolos ecológicos, ou seja, a partir de uma segunda casa a ser erguida com as mesmas técnicas, o construtor - também proprietário da máquina - já terá o retorno do seu investimento com a compra desse equipamento.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tudo começa a fazer sentido !

Aos poucos as formas vão tomando seu espaço !

Já temos algumas etapas vencidas e algumas histórias para contar.

Nos primeiros dias nós éramos os forasteiros, os homens de São Paulo que usavam um tijolo estranho e que vinham construir em Casa Branca.

Depois, nos tornanos os contrutores que viviam enfurnados naquela obra cuja evolução ninguém via..... uma obra devagar, parecendo que tinha parado.

Hoje, somos aqueles que constroem uma casa diferente, que fica logo alí ! Alguns tentaram durrubá-la mas, agora, já não conseguem mais!

"A gente tem moral !!!"

Nosso trabalho é muito mais do que um jeito honesto de ganhar dinheiro e sobreviver, é uma fonte de desenvolvimento e realização pessoal!

É, também, o nosso jeito de contribuir com a sociedade, ajudando a transformar seu pensamento estagnado e ampliar sua visão do mundo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Tijolo Ecológico ou Tijolo Comunitário ?

O tijolo ecológico recebe esse nome em função do seu processo de fabricação que não libera CO2 na atmosfera, uma vez que não há queima dos mesmos, como se faz com os tijolos convencionais.

Sua produção é feita em uma pequena máquina manual e os tijolos são secos ao sol, naturalmente.

No entanto, sua maior característica, talvez, não esteja em seu processo de criação e sim, no seu poder de socialização. O tijolo ecológico é, na verdade, um tijolo comunitário, que pode ser fruto do trabalho de uma comunidade, por menor que ela seja.

Uma família, por exemplo, composta por pai, mãe e alguns filhos pequenos é capaz de produzir os tijolos e construir sua própria casa, com a participação de todos nesses processos.

Da mesma forma, com uma única prensa manual para a fabricação dos tijolos, diversas famílias podem envolver-se no processo, detendo o meio de produção, gerenciando a fabricação e realizando a construção de suas próprias casas.


Acompanhe, pelo vídeo abaixo, os processos de fabricação e construção de moradias!


domingo, 4 de julho de 2010

Início das Obras !!

A razão de ter vindo de São Paulo para construir em Casa Branca, à quase 230 quilômetros da capital, foi a oferta de terrenos por preços bastante baixos, quando comparados aos preços das cidades grandes. Aqui, onde a competição entre os bons projetos de arquitetura é menor, existe espaço para os profissionais da área usarem sua criatividade em favor de causas mais nobres do que simplesmente o ganho de capital desenfreado e impessoal, como acontece em São Paulo.

Percebemos que existe uma carência, nesta região, de propostas que visem o meio ambiente e, ao mesmo tempo, propiciem integração entre a arquitetura, o urbanismo e as questões sociais.

Foi assim que surgiu o projeto "Vamos Criar um Futuro Verde para as Nossas Cidades" !!

Este projeto foi concebido em duas fases:

  • 2ª fase: deseja-se criar uma organização social que visará a educação ambiental dos moradores dos novos bairros da cidade de Casa Branca. Essa organiação terá como principal função a implementação da coleta seletiva de lixo, a valorização da cultura e do artesanato local e o cuidado com populações carentes que existam ou venham a existir nos arredores desse bairro.
    Nós acreditamos que não é suficiente existir a oferta de edificações sustentáveis e ecológicas se as ruas, praças e outros espaços públicos não forem igualmente equipados com esses conceitos. E, para que os espaços públicos também atendam às solicitações dessa visão sustentável, é necessário que os cidadãos estejam preparados para lidar com isso e possam responder adequadamente. Por isso a idéia da criação de uma ONG com esse objetivo.

Este projeto inicia-se na cidade de Casa Branca, onde acontecerá como uma espécie de laboratório. Os bons resultados obtidos nesse laboratório poderão ser reproduzidos nas cidades vizinhas e, quem sabe, em todo o estado de São Paulo.

Veja abaixo, uma foto do novo bairro de Casa Branca, o Loteamento Chácara Boa Vista, onde ocorre a construção das primeiras casas ecológicas.